REPORTAGENS | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
A Grand Blazer tem jeitão de brucutu e espaço pra você levar o que quiser. Ela até enfrenta desafios numa trilha, mas não encara grandes aventuras. Denis Freire de Almeida A Grand Blazer impõe respeito. Que o digam os motoristas dos carros, digamos, normais. Ver esse monstro de aço de mais de 5 m de comprimento (e 2,5 toneladas de peso) crescendo no espelho retrovisor não é nada agradável. A grade cromada resume a agressiva personalidade dessa Veraneio da virada do século. O adorno, bem ao gosto americano, até que caiu bem. Se você estiver ao volante desse monumento, vai olhar o mundo de cima. Mas não se entusiasme, porque, apesar de grande, ela não é tão poderosa assim. Não pense em atravessar águas profundas, encarar subidas íngremes nem se aventurar na lama, sob risco de encalhar. O aguaceiro da foto desta página saiu, na verdade, de um riacho. A Grand Blazer prefere o asfalto e viagens tranqüilas, sem radicalismos, como suas primas do Hemisfério Norte - ela é derivada da Tahoe, fabricada nos Estados Unidos pela Chevrolet. Foi feita para grandes espaços e não para rampas estreitas de shopping centers ou as apertadas vagas de estacionamento. Manobrar, nessas condições, não exige tanto esforço porque ela tem direção hidráulia. Mas, lembre-se, ela é avantajada. Portanto, cuidado para não esbarrar em nada. Apesar de a Grand Blazer ser fabricada na Argentina, seu motor e câmbio são nacionais. E o motor, no caso do modelo que avaliamos, é um MWM Sprint 4.2 turbodiesel de bom fôlego e força incomum. Arranca com decisão e, na estrada, mantém os 120 km/h sem problemas a apenas 2.500 rpm. No trânsito conturbado das grandes cidades, ela também não desagrada. O motorista só passa apertado mesmo com o seu tamanho agigantado. Por dentro, espaço. Põe espaço nisso. Se você acha que a Grand Blazer é colossal por fora, vai se espantar quando escalar o degrau de acesso ao interior. A amplidão é tanta que parece que o fabricante não sabia como preenchê-la. Distribuiu, cinco porta-copos para os ocupantes da frente e reservou apenas dois para o trio que viaja atrás. Esqueceu-se, igualmente, de instalar uma terceira fileira de bancos ocupando parte do bagageiro, recurso comum em veículos menores. Lugar não faltaria: a Grand Blazer comporta 1.550 litros de bagagem. O acabamento é bom. Mas alguns descuidos poderão irritar os passageiros. Se você assumir o volante e tiver menos de 1,70 m, será difícil enxergar à frente - o problema seria facilmente resolvido com um simples dispositivo que regulasse a altura do assento, recurso presente em algumas versões do Vectra. Mas ele não está lá. Outro inconveniente imperdoável é o restrito curso das janelas traseiras - impedidos pelo recorte das portas, os vidros descem a apenas um terço. É muito pouco. Grandalhona. E sacolejante. Em equipamentos, você estará muito bem servido: a Grand Blazer tem a maior parte dos confortos comuns a um modelo na faixa dos R$ 50.000. Mas falta um importante dispositivo de segurança: o air-bag, que não existe nem como opcional. Os instrumentos são de fácil leitura e o motor diesel não transmite vibrações, nem tanto ruído, para o interior. Agora, prepare-se para o pior: a calibragem da suspensão, um pouco mais rígida, e o entre-eixo bastante longo fizeram dos sacolejos um incômodo inevitável. Eles atingem mais duramente os passageiros de trás - a cada imperfeição do piso, lombadas ou valetas, eles se sentirão como peões no lombo de um cavalo bravo. Segure-se. É muito desconforto.
Fonte: Quatro Rodas, Nº 464, Março/1999 |
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